Noite indígena na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge

22/07/2016 · Por Fernanda Verzinhassi

Nem se apagaram as fogueiras do acampamento e os povos indígenas já foram festejar em outro lugar, desta vez em São Jorge. Algumas etnias participantes da X Aldeia Multiétnica subiram à vila na sexta-feira, 22 de julho, para a abertura da segunda etapa do XVI Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros.

No início, o vislumbre provocado pela flauta Yawalapiti foi convidando as pessoas a se aproximarem do palco instalado em frente à Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge. Em seguida, a relação entre música e espiritualidade dos Guarani Mbyá, muito bem representada por suas mulheres, deu conta de conectar o público à família de Seu Alcindo e, por conseguinte, à cultura indígena. Conforme as pessoas foram se relacionando com aquelas expressões e rostos, a noite foi embelezando a rua e o coração de quem estava em São Jorge.

Mas a coisa ficou quente mesmo quando os guerreiros Fulni-ô apareceram. Após apresentarem seus cantos tradicionais, eles surpreenderam a quem assistia com um bom samba do coco. O povo desapegou da postura de espectador e levantou poeira em frente ao palco. Aquela era só uma prévia do que estava para acontecer dentro da Casa.

Durante o ano todo, exceto às segundas, o Cavaleiro recebe diversos grupos musicais que trazem à São Jorge a cultura dos cantinhos do Brasil. Mas quando o salão foi ocupado por membros da etnia Fulni-ô, Krahô e Yawalapiti, a Casa pareceu um país inteiro confraternizando em uma noite de sexta. Todos aguardando para assistir a continuação da apresentação dos Fulni-ô.

Como num verdadeiro ritual, começaram a cantar no chão mesmo, envolvendo a todos em um grande cordão em volta do mastro. Pronto, estava batizada, a noite seria boa demais. Mesmo cantados em outro idioma, os ritmos dos Fulni-ô (reggae, coco, forró) uniram indígenas e não-indígenas numa conversa boa de corpo a corpo e riso. O guerreiro Aritana provoca o público com gritos e gestos e esse responde “Fulni-ô! Fulni-ô!” com quase a mesma tonicidade que caracteriza a voz do grupo.

A apresentação durou pouco. Ou foi tão boa que o tempo passou rápido?
A programação da Cavaleiro segue para o Encontro de Culturas, mas a abertura certamente deu a prévia da riqueza que será essa reunião de Brasis na Vila de São Jorge.