Com a palavra: Patrícia

22/07/2016 · Por Fernanda Verzinhassi

Um Fulni-ô me segura pelo braço, é Flaiá.

“Venha aqui, entreviste ela, ela tem uma mensagem pra você escrever aí”.

Uma mulher descansa na sombra. Vende seu artesanato, observa o tempo das relações na Aldeia. Para quem passa, quem para, ela dá a licença com o olhar.

“Nós, do povo Fulni-ô, nóis considera um povo guerreiro porque não é fácil.  Mais de 500 anos de contato e o Fulni-ô, depois dos povos indígenas do maranhão, só Fulni-ô que fala seu idioma. No estado de Pernambuco nós somos 3 etnias, só Fulni-ô fala seu idioma. Bahia, Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará. Todos tema povos indígenas, mas nenhum fala. Então pra nós é um passo muito importante, é uma coisa que a gente só tem que agradecer mesmo a Deus porque essa história, esses anos todo de contato com vocês.. Se bem que a culpa de perder não é só dos parente indígena, a culpa são de vocês também porque nóis vivia aqui no nosso canto até vocês chegarem, os português...então pra nóis é muito importante porque nóis é o único povo do nordeste que mantem vivo e forte sua tradição e cultura.

É uma pena, uma situação lamentável.

É difícil porque a culpa não é do povo mais novo, de certa forma a culpa é do mais velho que não se preocuparam não cuidaram não pensaram que o futuro poderia acontecer isso que tá acontecendo dentro das comunidade.

Todas as etnias tem muita mistura de índio casar com branco e assim vai enfraquecendo. Mas isso por conta da civilização, vem homem branco e chega até a aldeia, os índio vê e começa.... Não é por mal, mas termina induzindo alguns a seguir seu ritmo.”

Então por que você se apresentou como Patricia e não com seu nome indígena?”

“Eu sou Fulni-ô, minha mãe é Fulni-ô e meu pai não é Fulni-ô, meu pai é homem branco, igual você. Minha mãe casou com homem branco.”

Então sua mãe contribuiu para esse enfraquecimento?

“Isso. Infelizmente. Se eu casar com homem branco eu vou tá contribuindo pro enfraquecimento do meu povo.”

Recado dado, Pati.